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Categoria: Sociedade
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Há momentos em que a política deixa de ser apenas disputa de projectos e passa a ser um regime de vigilância. Não uma vigilância institucional — regulada, proporcional, com critérios — mas uma vigilância difusa, moral, permanente. As recentes eleições presidenciais portuguesas parecem caminhar perigosamente nesse sentido. O debate em torno das chamadas carteiras de…
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Não sei se é o mundo que mudou ou se fomos nós que nos habituámos a sons de sirene. Durante décadas, o fascismo era uma coisa monumental e óbvia: tanques, estátuas, hinos, o líder com voz de trovão e punho no ar. Era fácil reconhecê-lo. Era quase confortável na sua brutalidade explícita — uma espécie…
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Do Expresso ao Independente, passando pela ABOLA e Diário de Noticias Houve um tempo em que os jornais não eram apenas veículos de informação. Eram instituições culturais. Para quem cresceu antes da internet — e nasceu, por exemplo, no início da década de 1970 — ler um jornal era um gesto formativo: aprendia‑se o país,…
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O paradoxo português: quanto mais se constrói, mais caras ficam as casas. Um país que trata a especulação como política pública. Já aqui escrevi sobre a crise da habitação — esse espelho de um país que trocou o direito constitucional à casa por uma promessa de mercado. Mas há uma ideia que insiste em resistir,…
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Quando nos lembramos dos primeiros tempos do Facebook, parece-nos quase uma outra era: o mural (news feed) fervilhava com ideias, links auto-gerados, reflexões pessoais, debates entre amigos sobre livros, filmes, política, artes — uma ágora digital. Eu próprio incentivei várias pessoas a entrar, criámos comunidades, alimentámos a partilha. Hoje, olhando para ele, tenho a impressão…
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Entre a emoção e a cegueira, o Benfica espelha o que Portugal tem de mais contraditório: o apego ao passado, a recusa da mudança e a facilidade com que se confunde memória com competência. Se o grande Eusébio, quando vivo, decidisse candidatar-se a presidente do Benfica, seria bem capaz de ganhar. A maioria ignoraria a…
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A expressão “os comunistas comem crianças” tornou-se um dos slogans mais caricatos da propaganda anticomunista do século XX. Foi usada para ridicularizar e demonizar o inimigo ideológico, reduzindo-o à imagem grotesca do bárbaro que devora inocentes. Mas como acontece frequentemente com os mitos políticos, a caricatura assenta em memórias históricas reais — e uma das…
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O regresso de Donald Trump à Casa Branca não está apenas a reabrir feridas políticas nos Estados Unidos — está a testar, de forma inédita, os limites da própria democracia americana. Em poucas semanas, o novo executivo abriu três frentes de ação que, vistas em conjunto, desenham o contorno de algo mais profundo do que…
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O episódio relatado na reportagem do Público, em que um soldado israelita grita num checkpoint “Isto é Israel, aquilo é Israel, tudo é Israel!”, não é apenas uma cena de tensão num posto de controlo. É uma metáfora de décadas de ocupação e de uma realidade política onde a negação da Palestina se tornou prática…

