O jornalismo, especialmente o de referência, tem desempenhado ao longo da sua história um papel fundamental numa sociedade democrática e informada. A sua importância revela-se nos seguintes termos:
- Teve sempre um papel fiscalizador do poder, zelando pelo funcionamento da democracia. Investigando e denunciando abusos por parte do Estado, empresas e outras instituições:
- Informação rigorosa e contextualizada: Ao contrário de fontes não verificadas, o jornalismo de referência baseia-se em factos confirmados, múltiplas fontes e análise crítica, permitindo aos cidadãos formar opiniões fundamentadas.
- Formação da opinião pública: É através de um jornalismo sério que se promovem debates públicos sobre temas importantes — como saúde, justiça, economia ou ambiente.
- Combate à desinformação: Num tempo de redes sociais e “fake news”, o jornalismo profissional ajuda a separar o que é verdadeiro do que é manipulado ou falso.
Nas últimas décadas o jornalismo tem vindo a perder força com as pessoas a afastarem-se. Os fatores foram vários.

- Perda de confiança: Casos de sensacionalismo, parcialidade percebida ou erros em grandes meios de comunicação levaram muitas pessoas a desconfiar dos jornalistas.
- Gratuitidade e superficialidade online: Muitos consumidores preferem conteúdos rápidos e gratuitos (muitas vezes menos fiáveis), em vez de investir em jornais pagos e mais profundos.
- Sobrecarga de informação: Com tantos canais e redes sociais, as pessoas sentem-se saturadas e têm dificuldade em distinguir fontes credíveis.
- Polarização política: Em contextos polarizados, os media são frequentemente vistos como estando “do lado oposto”, levando grupos inteiros a rejeitar o jornalismo tradicional.
Ou seja, com a evolução tecnológica a forma das pessoas “consumirem” informação mudou e nem sempre o jornalismo conseguiu acompanhar. Com o fácil acesso à informação (nem sempre rigorosa) o jornalismo (especialmente o de referência) entrou em crise e ainda hoje se encontra com dificuldades em dar a volta.
Atendendo à facilidade de acesso à informação as pessoas perderam a noção de que o jornalismo (clássico e que se segue por critérios éticos) acarreta elevados custos e o financiamento destes foi mudando e, acima de tudo, encurtando. A crise é natural.
É fácil criticar o estado do jornalismo mas menos fácil é contribuir para a melhoria deste. Quantos dos que criticam contribuem com a compra de um jornal ou pagam uma assinatura digital?
Com o enfraquecimento do jornalismo sai enfraquecida a democracia e ganham os populistas e extremistas.
Os resultados são claros:
- Maior desinformação: Sem acesso a jornalismo rigoroso, as pessoas tornam-se mais vulneráveis a teorias da conspiração e manipulações.
- Debilidade da democracia: Cidadãos mal informados votam com base em mentiras ou emoções, o que fragiliza o processo democrático.
- Diminuição do escrutínio público: Menor atenção dos media significa menos pressão sobre os poderosos — o que pode facilitar corrupção, abuso de poder ou decisões sem transparência.
- Fragmentação social: Cada pessoa vive na sua “bolha” informativa, criando uma sociedade mais dividida e menos capaz de dialogar.
Basta atentar aos resultados dos Estados Unidos e perceber o papel das redes sociais para a popularidade de Trump. Muitas vezes com o recurso a “fake news” e manipulação. A relação de muitos com o jornalismo é demonstrativa da forma como estão na sociedade. Enquanto uns procuram uma sociedade mais justa outros usam o ódio e o medo como combustível.
Dito de outra forma. Diz-me como vês o jornalismo atual e eu te direi como votas.


Deixe um comentário